FCA vai investir R$ 8,5 Bi em Minas Gerais
Betim – MG - Um grande evento no Polo Automotivo Fiat de Betim marcou a solenidade de assinaturas dos protocolos para a nova fábrica de motores GSE Turbo da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) no mundo. Esta foi uma estratégia realizada pelo Centro de Estudos do Grupo que ficou entre a China e o Brasil e a decisão de localizar em Minas Gerais levou em conta vários fatores, entre eles o da localização estratégica da filial mineira. “Os sólidos resultados apresentados pela América Latina nos últimos trimestres, o potencial de crescimento do nosso mercado e, em especial, a versatilidade e alta qualificação da mão-de-obra brasileira foram fatores fundamentais para trazer esse investimento ao Brasil, que disputava com outros países a possibilidade de receber a nova fábrica de motores turbo”, comenta Antonio Filosa, presidente/COO do grupo para a América Latina. O resultado desta conquista foi anunciado pelo CEO mundial da FCA, Mike Manley na companhia do chairman John Elkann (representante da família Agnelli) e pelo presidente/COO do grupo para a América Latina, Antonio Filosa, que contou também com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do prefeito de Betim, Vittorio Medioli, do presidente da Gasmig, Pedro Alvarenga, representantes da sociedade empresarial e jornalistas especializados do setor. A FCA e seus fornecedores vão investir R$ 500 milhões para instalar a nova unidade de motores e para dotar os novos propulsores de capacidade flex, operando simultaneamente com etanol e gasolina. Esse aporte amplia para R$ 8,5 bilhões os investimentos programados pela FCA e fornecedores para o Polo de Betim até 2024 – o que representa o maior investimento da FCA em Betim desde a inauguração da fábrica, em 1976. Entre 2018 e 2024, a FCA e fornecedores planejam um investimento de R$ 16 bilhões no Brasil – o maior do grupo e seus fornecedores no país em todos os tempos. A nova fábrica de motores vai gerar 1,2 mil empregos adicionais, entre FCA e fornecedores, e transformará Betim no maior polo produtor de motores e transmissões da América Latina, com capacidade de produção de 1,3 milhão de unidades por ano a partir de 2020 (data de início da produção dos turbos). A nova unidade partirá com capacidade de produzir 100 mil propulsores turbolimentados por ano, mas já nasce predisposta à expansão da produção. Os novos investimentos ampliam também a capacidade exportadora do Polo Automotivo Fiat, que já tem contratado o embarque de mais de 400 mil motores até 2022. O destino inclui vários mercados, principalmente o europeu. “A FCA sempre acreditou no Brasil e enxerga com grande otimismo o empenho do governo em aprovar as reformas estruturais tão necessárias para a retomada do crescimento econômico e para a melhoria da competitividade”, afirma Manley. “Fiz questão de visitar o Brasil neste momento para reforçar nossa confiança na agenda das reformas e confirmar os investimentos adicionais em Betim, que é uma planta em que temos investido muito nos últimos anos por sua importância estratégica para as operações da FCA na região.” A nova família de motores turbo a serem produzidos em Betim – os já consagrados mundialmente GSE T3 e T4 e o novíssimo E4, de patente desenvolvida no Brasil, com inovadora tecnologia turbo voltada apenas à combustão de etanol – terá papel fundamental na expansão e diversificação da gama de veículos da FCA na região. A companhia programa 25 lançamentos até 2024, entre novos modelos, atualizações de veículos em linha e séries especiais. Em Betim, está planejada a produção três novos modelos a partir de 2020. Dois deles marcam a entrada da Fiat no segmento de SUVs, que é o que mais cresce no mercado brasileiro. “Serão veículos que vão chamar a atenção pelo design, desempenho, tecnologia embarcada e nível de conectividade”, destaca Filosa. Ainda na cerimônia de anúncio do investimento na nova fábrica de motores, a FCA e o governo do Estado de Minas Gerais firmaram planos de cooperação para um amplo programa voltado à educação e capacitação em Engenharia Automotiva. O plano inclui programas de escopo, profundidade e duração variados – desde experiências introdutórias às mais modernas práticas em Engenharia Automotiva até programas de residência tecnológica e pesquisa aprofundada para mestrandos e doutorandos. Os objetivos principais do programa são estreitar os laços da FCA com a comunidade acadêmica e ajudar a qualificar as novas gerações de engenheiros e técnicos para as constantes evoluções em curso na indústria automotiva. “Queremos consolidar as diversas iniciativas que mantemos com entidades educacionais estratégicas do Estado e criar um programa amplo e coordenado, que possa incluir novos parceiros e beneficiar ainda mais estudantes”, comenta o COO, ele mesmo um engenheiro automotivo de formação. “O programa também reforça a competitividade de polo mineiro de autopeças, um dos maiores da América Latina.”
FCA/GASMIG
Também durante o evento foi assinado termo de cooperação técnica entre a FCA e a Gasmig – concessionária exclusiva de distribuição de gás natural do Estado de Minas Gerais – para a promoção e incentivo ao uso do GNV e biometano como combustível veicular. A Fiat conta em sua gama com o Grand Siena GNV, veículo que sai de fábrica predisposto para a utilização do gás natural como combustível.
MOTORES TURBOALIMENTADOS DE TRÊS E QUATRO CILINDROS
A nova planta produzirá os motores GSE Turbo de três e quatro cilindros, batizados de T3 e T4, que se destinam a equipar o topo da gama de veículos atual e futura da FCA. Estes propulsores vêm completar a família Firefly, que foi lançada mundialmente em 2016 a partir de Betim. Os motores T3 e T4 têm as mesmas cilindradas dos motores Firefly N3 e N4, mas ganham ainda mais versatilidade e potência graças à sobrealimentação. Foram introduzidas novas tecnologias para garantir desempenho e consumo de combustível alinhados com as expectativas de mercado, já atendendo às mais exigentes normas de emissões que serão adotadas a partir da próxima década.
Os novos motores combinam mais desempenho com menor consumo. Suas principais características são:
- Bloco de alumínio com alta rigidez estrutural;
- Câmara de combustão com 4 válvulas por cilindro, alinhado com a exigência do sistema turboalimentado;
- Injeção direta de combustível;
- Sistema MultiAir de última geração, com controle eletrônico das válvulas de admissão;
- Coletor de descarga integrado ao cabeçote;
- Sistema de arrefecimento misto água/ar integrado no coletor de admissão para refrigerar o ar aspirado;
- Bomba de óleo a cilindrada variável;
- Turbo controlado eletronicamente.
Os motores a serem produzidos em Betim ganharão ainda mais tecnologia e capacidade flex: serão capazes de queimar etanol e gasolina, separados ou misturados em qualquer proporção, além da compatibilidade de materiais de alguns componentes aos combustíveis latino-americanos, como por exemplo os injetores, válvulas e sedes de válvulas e anéis. “Todo o trabalho de desenvolvimento desses novos materiais e componentes, bem como a capacidade de trabalhar com etanol e gasolina, já estão em andamento para que os novos propulsores cheguem ao mercado até o final de 2020, equipando modelos da FCA”, explica Aldo Marangoni, diretor de Powertrain da FCA para a América Latina. Com a chegada dos motores GSE Turbo, a FCA passa a ter uma das maiores gamas de propulsores na América Latina. Em Betim (MG) são produzidos os motores Fire 1.0 flex e 1.4 gasolina e flex, Firefly 1.0 flex e 1.3 gasolina e flex, além danova família GSE Turbo, flex e gasolina. A planta de Campo Largo (PR) vai continuar a produzir os motores E.torQ 1.6 (gasolina, exportação) e 1.8, nas configurações gasolina e flex.
TURBO E4: NOVO PATAMAR PARA MOTORES A ETANOL
A Engenharia de Powertrain da FCA na América Latina é uma das maiores especialistas em propulsores flex do mundo. Não se trata apenas de calibrações ou de ajustes em motores importados, mas de toda uma cadeia de engenharia de desenvolvimento. A chegada dos novos motores GSE Turbo será a base para acelerar o desenvolvimento de um revolucionário propulsor, por enquanto chamado de E4, que irá elevar os motores a etanol a um outro patamar de aproveitamento energético. Trata-se de um motor concebido para uso otimizado do etanol, baseado na arquitetura do T4. O objetivo é reduzir o gap de consumo do etanol em relação à gasolina, que é de 30% atualmente, para obter um motor de alta eficiência energética e baixo impacto ambiental. A FCA está utilizando tecnologias muito inovadoras nesse projeto, algumas das quais desenvolvidas em Betim. O emprego do etanol na matriz energética da propulsão é uma vantagem comparativa do Brasil, que conta com tecnologia e condições climáticas para a produção competitiva do etanol a partir da cana-de-açúcar, além de estrutura altamente eficiente de distribuição do combustível. O etanol é uma alternativa compatível com os objetivos de redução das emissões de CO¿ da frota, já que a maior parte deste gás emitido para a atmosfera no processo de combustão do motor é capturado de volta pelas folhas da cana-de-açúcar através do processo de fotossíntese, contribuindo para redução das emissões dos gases de efeito estufa. A linha de produção dos motores GSE T3 e T4 já nascerá em ambiente da Indústria 4.0, de forte conexão entre pessoas, máquinas, dados e inteligência artificial. Os novos motores serão produzidos no mais avançado processo de manufatura e estarão credenciados para competir nos mais exigentes mercados globais. Na nova unidade, serão aplicadas as melhores práticas industriais globais da FCA, para entregar ao mercado motorizações que são 100% testadas, após cada etapa de manufatura. A precisão do processo de fabricação permite a completa rastreabilidade de cada componente montado. Haverá incremento da aplicação de robôs colaborativos, sistemas avançados de visão para o controle do processo e incremento das tecnologias para otimizar o consumo de energia.